terça-feira, 8 de janeiro de 2013

História externa do espanhol antes do século XIV: povos, línguas, cultura (parte 1)


Antes da formação da Espanha como nação no século XIV, diversos povos habitaram a Península Ibérica, construindo nesse lugar reinados e deixando às gerações subsequentes heranças culturais, sociais e inclusive linguísticas.
Do que se sabe, os primeiros povos a se estabelecerem nessas terras foram os iberos (séc. VI a.C.), que viveram mais precisamente no sul da Catalunha à Costa Mediterrânea. Certamente o nome da península tem sua origem destes. Há discussões de que os Bascos, que viveram e vivem até hoje em uma determinada região ao norte da Espanha, podem ter sua descendência linguística (o Euskera) dos Iberos (PHARIES, 2007, p. 31).

Povos pré-romanos que habitaram a península ibérica
 
Fonte: http://josmaelbardourblogspotcom.blogspot.com/2010_08_29_archive.html
 
Ao noroeste da península – na atual Galícia e em Portugal – habitavam os Celtas, que mais tarde se expandiram para as regiões de Navarra e Aragão. Muitas palavras são provenientes dos celtas: vasallus > vasallo, carrus > carro, Conimbriga > Coimbra (LAPESA, 1981, p. 50).
A incorporação da Península Ibérica ao mundo romano deu-se a partir da Segunda Guerra Púnica, quando, em 218 a.C., desembarcaram em Emporion (Ampúrias) as legiões de Conérlio Cipião, vitorioso em 206 a.C. ao expulsar os cartagineses de Gades (Cádiz). Segundo Lapesa (1981, p. 63), a Segunda Guerra Púnica decidiu os destinos da Hispania, até então dividida entre as influências oriental, helênica, celta e africana. A colonização definitiva da Hispania deu-se sob imperium de Augusto, em 19 a.C, que submeteu os cântabros e astúrios.
À Península Ibérica, chegaram colonos, soldados, comerciantes de todo tipo, funcionários da administração, arrendatários e inclusive gente da baixa camada social, o que evidentemente condicionou o latim falado nesta nova província romana. A Romanização da Península foi lenta, mas tão intensa que fez desaparecer as línguas autóctones, a exceção do basco.
Ilari (2008, p. 29) acredita que os romanos não impuseram o Latim aos povos conquistados, mas estes foram paulatinamente adotando-o, pois era o idioma para as relações comerciais e de comunicação com Roma. Daí há a interpretação de que surgiram variedades do Latim, em que cada região adquiriu dialetos nesta língua, e que mais tarde se tornaram as línguas românicas.
A Romanização da Península Ibérica possui grande relevância histórica, uma vez que anexou a Península Ibérica a um amplo contexto social, cultural, administrativo e linguístico dirigido pela política de expansão dos antigos romanos. A romanização foi um processo pelo qual o Império Romano foi conquistando, submetendo e integrando ao seu sistema político, linguístico e social todos os povos e territórios que foi encontrando ao longo dos ideais expansionistas.
 
Referências citadas
Ilari, Rodolfo. Linguística Românica. 3ª edição. São Paulo: Ática, 2008. Série Fundamentos.
Lapesa, Rafael. Historia de la lengua española. 9ª edición. Madrid: Editorial Gredos, 1981.
Pharies, David. Brief History of the Spanish Language, Second Edition. Chicago: The University of Chicago Press, 2007.




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