quarta-feira, 10 de julho de 2013

O romeno como língua neolatina



A língua romena singulariza-se em vários aspectos face às demais línguas românicas, mas sem perder seu caráter latino. A história do romeno tem inicio com a colonização da região da Dácia pelo imperador romano Trajano, no século II d. C. Os historiadores assinalam que a região fez parte do império romano por apenas 164 anos, de 107 a 271 d. C., até a invasão dos povos bárbaros – godos e hunos, avaros e eslavos. Por outro lado, nesse pouco período de tempo, a Dácia romanizou-se, adotando a variedade do latim vulgar trazido pelos colonos romanos.
Na idade média, vários povos dominaram os territórios do Estado Romeno – dentre eles estão os húngaros, os turcos, os austríacos e os russos – incorporando dos idiomas dos invasores diversos empréstimos no léxico. No entanto, os habitantes dos territórios romenos sempre procuraram defender a sua identidade linguística e cultural, conservando a maioria dos aspectos morfológicos e sintáticos.
Do que se sabe sobre a primeira gramática romena, tem-se a ‘Gramatica Româneasca’, escrita por Dimitrie Eustatievici em 1757. Quanto à ortografia, os primeiros textos em romeno encontram-se em alfabeto cirílico. O alfabeto latino é adotado somente em meados do século XIX, quando a Romênia se constitui politicamente.
Algumas características linguísticas do romeno lembram bastante a origem latina. Na morfologia, por exemplo, destaca-se o morfema de marcação de plural -i para o masculino (filii > fii, herança latina do nominativo plural da 2ª declinação). Na morfossintaxe, permanece no romeno a terminação para indicação do genitivo, que indica a função de adjunto adnominal restritivo (aquae > apei). No campo léxico-semântico, permanece em alguns lexemas o mesmo significado latino, o que não ocorre em outras línguas românicas: părinţii (sign. pais).

Referências
Bassetto, Bruno Fregni. O Romeno no contexto românico. Organon, Porto Alegre, 2008, pp. 39-52.
Ilari, Rodolfo. Linguística Românica. 3ª edição. Série Fundamentos. São Paulo: Ática, 2008.
Faraco, Carlos Alberto. Herança Romana. Disponível em http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/281/heranca-romana

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