
Neste tópico observemos a 'evolução' do sistema tônico do latim ao português. As dez vogais tônicas do latim clássico – /ī/, /ĭ/,
/ē/, /ě/, /ā/, /ă/, /ŏ/, /ō/, /ŭ/, /ū/ – estão reduzidas a um sistema de sete no
português – /i/, /e/, /ɛ/, /a/, /ɔ/, /o/, /u/ – devido à perda do traço
distintivo de quantidade, dando lugar à distinção com base na oposição de
timbre – aberto ou fechado. Assinala-se que a distinção de timbre está associada
à altura das vogais, i. e., quanto maior a abertura vocálica, menor será a
altura da vogal. Sendo assim, o ‘ī longo’ latino assimila o timbre da vogal
alta anterior [i], enquanto que ‘ĭ breve’ se assemelha ao timbre do ‘ē longo’,
manifestando-se no português como vogal média alta anterior [e]. O ‘ě breve’ e
o ‘o breve’ conservam o timbre mais aberto do latim, constituindo as vogais
médias baixas [ɛ] e [ɔ], respectivamente. A vogal [a], tanto longa quanto
breve, mantém o timbre de vogal central baixa. O ‘o longo’ e ‘u breve’ se
assemelham em relação ao timbre, evolvendo-se para uma média alta [o]. Por fim,
o ‘u longo’ permanece com o mesmo timbre de vogal alta [u]. Pode-se comprovar
tal fato a partir da comparação entre vocábulos do latim clássico e do
português: fīcum (lat. cl.) > f[i]co (port.); sĭtim > s[e]de; acētum >
az[e]do; těrram > t[ɛ]rra; amātus > am[a]do; lătum > l[a]do; pŏrta
> p[ɔ]rta; amōrem > am[o]r; bŭcca (lat. vulg.) > b[o]ca; pūrum > p[u]ro.
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