O ditongo ‘æ’ do latim passa por um processo de
monotongação, para uma vogal simples, mais especificamente para vogal [ɛ]:
cælum (lat. cl.) > c[ɛ]u (port.). O ditongo ‘œ’ latino evolve-se para a
vogal [e], que geralmente se nasaliza quando acompanhada por uma consoante
nasal: cœna (lat. cl.) > cẽa (port. arc.) > ceia (port.); pœna
(lat. cl.) > p[ẽ]na
(port.).
As vogais em posição pós-tônica não final, mais fracas
em relação às tônicas, sofrem a síncope no latim vulgar em sílabas mediais de
proparoxítonas, refletindo na queda de palavras proparoxítonas da língua portuguesa.
Alguns exemplos são encontrados no Appendix Probi: ‘ocŭlum’ non ‘oclu’,
‘calĭdum’ non ‘caldo’, originando os vocábulos ‘olho’ e ‘caldo’ no português.

No
português arcaico, verifica-se a variação gráfica <i> ~ <e> e
<o> ~ <u> em textos medievais para as átonas finais, posteriormente
convencionadas na ortografia a <e> e <o>. Fernão de Oliveira, autor
da primeira gramática da língua portuguesa, no século XVI, aponta que é
possível admitir no português da época algum tipo de variação regional entre
vogais médias altas e altas. No português atual, ainda há a variação [e] ~ [i]
e [o] ~ [u], sendo que as vogais altas são predominantes na maioria dos
dialetos: pot[ɪ] ~ pot[e]; bol[ʊ] ~ bol[o]. A vogal /a/ não acentuada em final
de palavra não sofre variação no período arcaico, mas no período clássico ocorre
a realização da vogal mais ‘relaxada’, como nas palavras cas[ə] e portugues[ə].
Com a síncope de algumas consoantes em meio de
palavra, houve no português arcaico uma grande quantidade de palavras formadas
por uma sequência de hiatos, que se simplificam já no português clássico quando
a sequência se forma por duas vogais idênticas: credĕre (lat.) > creer
(port. arc.) > crer (port.); legĕre > leer > ler; luna > lũa >
lua; perdonare > perdõar > perdoar.